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Instalação de poços na Clean

No início de abril, a ECD realizou alguns trabalhos na sede da Clean Environmental Brasil.
A pedido do nosso amigo Paulo Negrão, grande baixista e, nas horas vagas, CEO da Clean, fomos com 2 equipamentos para instalar 1-2 poços de monitoramento que servirão de "sparring" para os treinamentos de amostragem de água subterrânea que eles realizam por lá e para eles testarem as bombas de amostragem e de remediação.




No local já havia, na parte de baixo, 3 poços, mas eles estavam com coluna de água pequena, por conta, provavelmente, de uma captação de água subterrânea que ocorria nas imediações da Clean. Nessa parte baixa, fomos com a nossa Sonda Hidráulica Portátil com o intuito de elaborar um perfil litológico caprichado (para isso seriam realizadas amostragens Direct Push com liner) e instalar o poço com cerca de 12-13 metros, com 1 metro de seção filtrante e coluna de água de cerca de 4 metros. Esse equipamento foi escolhido devido à dificuldade de se entrar na área com outro equipamento, a Sonda Hidráulica sobre Trator, conforme pode ser visto nas imagens abaixo.

Tentativa frustrada de entrar na parte baixa com a sonda do Trator 

Nem com um auxílio do Paulo Negrão a sonda passou

A Solução foi entrar com a Sonda Hidráulica Portátil

Na parte de baixo, o poço foi instalado com a Sonda Hidráulica Portátil utilizando Trado Sólido com amostragem Direct Push concomitante. Nas amostras do liner, pode-se ver que o perfil do solo é razoavelmente homogêneo, com uma fração grande de argila. Abaixo, algumas fotos da Sondagem, amostragem de solo e das amostras

Preparando a área de trabalho e a sonda 

Amostras para descrição do perfil 

Sondagem avançando

O poço foi instalado normalmente da forma correta (inclusive com desenvolvimento preliminar ou pistoneamento, conforme manda a NBR 15.495-1) , com boa produção de água e foi desenvolvido de acordo com a Norma 15.495-2. A equipe aproveitou e "redesenvolveu" os poços antigos, os quais estavam com muito sedimento no fundo, chegando a entupir as válvulas de pé e as "surge blocks" utilizadas.

Na parte superior, bem na entrada da Clean, realizou-se, inicialmente, um ensaio de R-CPTu, ou piezocone elétrico com resistividade (mais informações aqui). Aliás, esse sensor de resistividade é exatamente igual ao que a Geoprobe vende como sistema EC, e dá a condutividade elétrica do solo, o que ajuda muito na elaboração do perfil (mais argila = mais condutividade), da identificação do NA (água = mais condutividade) e da presença de anomalias (metais ou sais = maior condutividade).
Foi um ensaio muito interessante, porque o sensor detectou uma camada muito resistente a cerca de 5 metros. A equipe entrou furando com os Trados Sólidos para romper essa camada e observou-se que havia, realmente, muitas pequenas rochas com alto teor de quartzo entre 5 e 6 metros, não se sabe o porquê (talvez seja da construção do imóvel). Retomou-se, então, o ensaio de R-CPTu dos 7 até 16 metros. Nesse ensaio, notou-se que havia uma camada de areia entre 13,25 m e 13,75 m, ou seja, ideal para se colocar a seção filtrante do poço.
Resolvemos, então, furar com os Trados Sólidos até 14 metros para instalar um poço. Conforme a sondagem foi avançando, percebeu-se que o solo estava saturado com cerca de 8 metros, mas, como é predominantemente argiloso, não havia muita água na sondagem. Porém, quando rompeu os 13 metros, a água "estourou", para usar o jargão da sondagem, ou seja, atingiu-se uma camada muito mais condutiva, exatamente onde o CPTu indicou.
Isso mostrou a importância de usar esse tipo de método de alta resolução para se elaborar um modelo conceitual adequado do site e, consequentemente, instalar os poços de monitoramento no local correto, poupando tempo e dinheiro.


Preparação da sonda para os ensaios de R-CPTu 

Resultados da 1a parte do ensaio de CPTu com Resitividade (ou EC - Condutividade Elétrica) 

Sondagem com Trado Sólido para retirar as interferências que estavam a cerca de 5,5 m 

Detalhe do material retirado que atrapalhava o ensaio de CPTu 

Retomada do Ensaio a partir de 7 metros

Enfim, um trabalho muito proveitoso, onde, como sempre, a natureza nos ensinou muito. Uma das lições importantes foi que deve-se investigar muito bem e ter um conhecimento razoável do meio antes de se instalar a rede de monitoramento, ao invés de usar a sondagem do poço de monitoramento para tentar entender a área.
Também foi interessante esse novo passo dado no estreitamento das relações Clean/ECD, onde todos têm a ganhar: além, obviamente, das 2 empresas, também os profissionais que querem um incremento na qualidade dos trabalhos de investigação, as consultorias, os clientes, o órgão ambiental, etc.

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